Partido da esquerda: o terror sem fim da frente transversal

Balanço incompleto de dez anos de propaganda da AfD na esquerda alemã

Tomasz Konicz, 21.06.2024

A AfD tem razão em “muitos pontos”, por vezes exige “as mesmas coisas que nós” e quem rotular os fundadores do partido de meros populistas está a facilitar demasiado as coisas. Ponto final.1 Esta declaração em entrevista de Sahra Wagenknecht não é do ano 2023, quando se deu a ruptura definitiva entre o “Partido da Esquerda” e a sua facção nacional-social, mas do ano da crise do euro, em 2013, quando o sadismo da austeridade alemã, que levou o Sul da Europa à depressão, não ia suficientemente longe para a AfD. Já nessa altura, a senhora deputada Wagenknecht pensava que a AFD, com a sua agitação e ressentimento embalados como “crítica” – apesar de todas as críticas justificadas! – tinha de algum modo razão num certo número de pontos.

E foram dez anos. Seguiu-se uma década de segregação nacional-social, durante a qual o “Partido da Esquerda” tolerou nas suas fileiras uma tal imundície da frente transversal vermelha-castanha, que foi fundamental para estabelecer as posições da AfD no discurso público e impregnar a esquerda de ideias fascistas. Wagenknecht fez repetidamente declarações “formuladas de maneira enganadora” que, de facto, embalavam as posições e os ressentimentos da AfD numa retórica de esquerda, sempre seguidas de uma tempestade no copo de água da esquerda que não resultava em nada de substancial. Até ao fim. Wagenknecht não foi excluída, saiu depois de ter causado o máximo de danos à esquerda e pôde finalizar calmamente os preparativos para fundar a sua própria loja de frente transversal. Com a Aliança Sahra Wagenknecht, que emergiu do “Partido da Esquerda”, tomou a forma de partido uma corrente que, de facto, ajudou e incentivou a fascistização da República Federal.

O que se segue pretende ser pelo menos uma panorâmica aproximada deste período de frente transversal, em que o “Partido da Esquerda” se tornou o viveiro de um movimento genuinamente nacional-social – também porque ninguém no “Partido da Esquerda” de 2024 o fará, uma vez que o partido remanescente, que luta em pânico pelos seus últimos mandatos, encontrou no silêncio, na marginalização da crítica e na mera criação de lendas sobre a sua forma de enfrentar esta década vermelha-castanha. E é precisamente esta falta de confrontação do “Partido da Esquerda” com o que fez que também aponta para o seu carácter actual, o qual indica simplesmente que nada de substancial mudou ali e que estará – em todas as oportunidades que surgirem – pronto a cooperar novamente com a frente transversal. E esta abertura à direita não tem necessariamente de ser devida a afinidades fascistas; também pode ser simples oportunismo.

Isto não quer dizer que não tenha havido antifascistas íntegros no Partido da Esquerda, ou que não os haja actualmente a fazer um trabalho importante. Mas, para citar Helmut Kohl: o que importa é o que fica para trás. E, no caso do “Partido da Esquerda”, foram dez anos de castanho-vermelho em que todas as iniciativas para se livrar de Wagenknecht e da frente transversal falharam redondamente devido à atitude oportunista e/ou abertamente de direita da direcção do partido. O que é decisivo para avaliar a década de frente transversal do “Partido da Esquerda” não são as poucas pessoas íntegras que actuam como figuras antifascistas (existem até na CDU ou no FDP), mas o rumo do partido.

Wagenknecht crítica das migrações

Após as expressões esporádicas de simpatia de Wagenknecht pela AfD durante a crise do euro, que levaram o líder da AfD, Alexander Gauland, a convidá-la para se juntar ao partido já em 2014,2 os primeiros inícios organizacionais de um verdadeiro movimento de frente transversal incluindo forças do Partido da Esquerda surgiram nas chamadas “Vigílias pela paz”.3 As vigílias foram desencadeadas pelo início da guerra civil na Ucrânia entre forças pró-ocidentais e pró-russas a partir de 2014, perante a qual estas adoptaram sub-repticiamente posições russas. Já nessa altura, extremistas de direita, cidadãos do Reich, networkers de direita, como Jürgen Elsässer, e políticos do Partido da Esquerda, como Dieter Dehm, apareciam nos mesmos eventos.4 Os deputados do Partido da Esquerda, Heike Hänsel e Wolfgang Gehrke, também declararam apoio verbal. Para além de uma “mensagem de paz” enriquecida com propaganda do Kremlin, os protestos também incluíam as habituais teorias da conspiração, que muitas vezes derivavam para o anti-semitismo. De facto, as “vigílias”, co-iniciadas por celebridades partidárias de esquerda e rapidamente esquecidas, funcionaram como um aquecedor de fluxo para o movimento de extrema-direita Pegida, que por vezes emergiu directamente delas.

Por outro lado, celebridades partidárias de esquerda, como Bodo Ramelow, criticaram estas actividades da frente transversal, mas não foram retiradas quaisquer consequências desta brilhante e falhada aventura da frente transversal, na qual – pelo menos formalmente – o Partido da Esquerda pretendia “apanhar” os manifestantes de extrema-direita. Tudo isto foi efectivamente varrido para debaixo do tapete. No entanto, em vez de ir buscar os direitistas à esquerda, o ressentimento da direita estava agora a fermentar no seio do partido e explodiu em pleno durante a crise dos refugiados. A partir de 2015, as correntes nacional-sociais em torno de Wagenknecht e Lafontaine começaram a embalar aberta e permanentemente os ressentimentos da direita numa retórica de esquerda e a propagá-los agressivamente. Na maior parte dos casos, o slogan de direita “Fora estrangeiros!” foi atenuado (“Limitar a imigração” etc.) e camuflado socialmente através da construção de uma contradição entre os assalariados alemães e os imigrantes, refugiados ou outras minorias. Outro estratagema popular era apresentar a migração como prejudicial para os países de origem do movimento de refugiados.

Durante a crise dos refugiados, quando a multidão de extrema-direita Pegida saiu para as ruas,5 Lafontaine e Wagenknecht já pediam, em uníssono com a CDU e a AfD, que a imigração fosse limitada por meio de “quotas” no final de 2015.6 Em 2016, Wagenknecht atacou frontalmente, pela direita, a aceitação de refugiados pela então chanceler Merkel, culpando-a pela ascensão da AfD; também descreveu – na presença de um passivo Dietmar Bartsch e sob os aplausos da AfD – o direito de asilo como um direito de convidado,7 que os refugiados podem perder,8 e advertiu mais uma vez contra a “demonização da AfD”.9

Além disso, as coisas continuaram em outubro de 2017, quando a Sra. Wagenknecht não quis excluir a cooperação com a AfD.10 Ela rejeitou uma “exclusão geral” da AfD, dizendo que tínhamos simplesmente de ver “quem está a concorrer a quê e não devemos fazer julgamentos abrangentes”, assim dizia a política líder de um “Partido da Esquerda” que já tinha traído normas antifascistas mínimas, como o Juramento de Buchenwald.11Durante a campanha eleitoral de 2017, Lafontaine apelou abertamente a mais deportações, uma vez que a questão da imigração era “acima de tudo uma questão social”.12 Esta narrativa nacional-social da esquerda, segundo a qual os refugiados agravam a situação social na Alemanha (os nazis falam abertamente de “estrangeiros que nos tiram os empregos”), tornou-se uma componente central da argumentação desta facção da frente transversal (os paralelismos com o fascista Höcke são evidentes).13 Após as eleições de 2017, Lafontaine e Wagenknecht culparam a recusa da liderança do partido em seguir a AfD na questão dos refugiados pelo fraco resultado eleitoral.14

Seguiu-se, no final de 2017, um drama envolvendo o político aberto à direita do Partido da Esquerda, Dieter Dehm, que atacou ferozmente o Senador para a Cultura de Berlim, Klaus Lederer, depois de este ter proibido um evento da frente transversal sobre ideologias da conspiração nas instalações do conselho municipal de Berlim. Na altura, a direcção do partido mostrou-se salomonicamente solidária com Lederer, que foi alvo de uma tempestade de merda da direita, bem como com Dieter Dehm, que foi acusado de anti-semitismo pelo Frankfurter Rundschau num relatório de fundo.15

E há mais: em 2018, a Sra. Wagenknecht pronunciou-se a favor da recusa de distribuição de alimentos a refugiados e estrangeiros nos bancos alimentares, uma vez que os donativos alimentares já não seriam suficientes para os pobres alemães.16 Já nessa altura tentou – em vão – criar o seu próprio movimento no seio do Partido da Esquerda (“Aufstehen”), que deveria ser dirigido contra as “fronteiras abertas”, entre outras coisas.17 A multimilionária, que prega uma política de identidade nacional reaccionária, passou a atacar directamente a esquerda em 2021, argumentando que esta se preocupava demasiado com as minorias e não se centrava no bem-estar dos assalariados alemães (esquerda de estilo de vida, “políticas de identidade” etc.).18

Ataques abertos à esquerda

Isto foi acompanhado por campanha mediática de Wagenknecht nos media de direita e populistas de direita que se entusiasmaram com estes ataques ao “Partido da Esquerda” por parte de proeminentes “esquerdistas”.19 Por fim, a líder política, que é convidada regular de talk shows, viu-se como perseguida por uma “cultura de cancelamento”, quando algumas tentativas foram feitas por algumas pessoas honestas do Partido da Esquerda para pôr fim a estes acontecimentos. De facto, apesar de Wagenknecht ter sido repetidamente criticada e repreendida por comissões e indivíduos do Partido da Esquerda, acabou por ser recompensada: em 2017, depois de todas as explosões da direita durante a crise dos refugiados, depois de críticas proeminentes a Wagenknecht e Lafontaine no Neues Deutschland,20 os dos “direitos dos convidados” (SPON) no Partido da Esquerda foram reeleitos como líderes do grupo parlamentar com 75%.21

E ainda melhor: depois de todo o lixo regressivo e da imundície de direita que Wagenknecht espalhou entre o público alemão e na esquerda com a ajuda dos media de direita, ela tornou-se – juntamente com o realista Dietmar Bartsch – a candidata principal na campanha eleitoral para o Bundestag de 2017. Não estou a brincar.22 A consequência de todos estes anos de propaganda populista de direita de Wagenknecht durante a crise dos refugiados foi deixar o grande palco para a mulher pioneira da cada vez mais clara frente transversal, a fim de a integrar firmemente no partido – porque o aparelho partidário sempre se preocupou principalmente com os cálculos do partido, ou seja, garantir mandatos, cargos, empregos etc. Na gíria partidária, trata-se da integração de correntes políticas para atingir o maior número possível de potenciais eleitores. Esta táctica faz sentido do ponto de vista de um partido de visão limitada, mas tal integração tornou a esquerda alemã vulnerável à regressão e à ideologia de direita nos anos seguintes.

Um dos principais opositores de Wagenknecht deixou claro até que ponto o Partido da Esquerda está disposto a integrar-se na nova direita. Em março de 2020, o ministro-presidente da Turíngia, Bodo Ramelow, não só elegeu Michael Kaufmann, da AfD, como vice-presidente do parlamento estadual, para evitar bloqueios da AfD na nomeação das comissões eleitorais, como também o admitiu e justificou publicamente.23 Anteriormente todas as tentativas da AfD para eleger um vice-presidente do parlamento estadual tinham falhado. O eleitor da AfD, Ramelow, falou de uma decisão “fundamental” para abrir caminho “à participação parlamentar que deve ser concedida a todos os grupos parlamentares”. Cerca de um ano mais tarde, até o Gabinete da Turíngia para a Defesa da Constituição classificou a AfD como definitivamente de extrema-direita.24

O que foi bom para o “Partido da esquerda” por razões tácticas foi desastroso para a esquerda alemã. A campanha eleitoral conjunta para o Bundestag de 2017 do grupo parlamentar nacional-social e da ala carreirista, que foi de facto o culminar de uma aliança informal entre Wagenknecht e Bartsch, só parece absurda à primeira vista. O denominador comum desta aliança era o oportunismo – com ênfases diferentes em cada um dos casos: enquanto Bartsch sonhava com cargos e mais cargos no âmbito de uma coligação vermelho-vermelho-verde com o SPD e os Verdes,25 Wagenknecht queria surfar a nova vaga da direita alemã para chegar a cargos governamentais. Tudo isto era suposto complementar-se de algum modo, apelando tanto aos realistas como aos apoiantes dos Pegida.

Mas, a médio prazo, o curso de integração em direcção à ala nacional-social também teve um efeito corrosivo dentro do “Partido da Esquerda” que não mais acalmou. No entanto, mesmo na campanha eleitoral de 2021, quando a clivagem entre as forças nacional-sociais e o resto do partido se tornou cada vez mais clara, as fileiras vermelho-castanhas foram mais uma vez firmemente cerradas. A grande reconciliação da direcção do partido com Wagenknecht e Lafontaine teve lugar em Weimar, em agosto de 2021 (o “regresso de Wagenknecht ao seu próprio partido”, SPON).26 Lafontaine e Wagenknecht apelaram mais uma vez à eleição do “Partido da Esquerda”, com a então presidente Hennig-Wellsow a declarar que o partido teria de “suportar mais desunião”. Wagenknecht prometeu que as “disputas seriam coisa do passado”.

Nenhuma expulsão do partido, em lado nenhum

Por uma vez houve aqui um pequeno final feliz, pois o Partido da Esquerda manteve-se abaixo do limiar dos cinco por cento, os conflitos internos do partido rebentaram em pleno após a noite das eleições de 2021 e Wagenknecht foi responsabilizada pela maioria do partido por todas as perdas de lugares e cargos (é impensável como seria este partido agora, se tivesse tido um bom desempenho em 2021).27 Estes ataques à facção nacional-social não se deveram, portanto, aos slogans compatíveis com o nazismo da sua líder, mas sim ao facto de ela ter sido acusada de obstruir as oportunidades de carreira na política.

No entanto, mesmo após este desastre eleitoral, falharam todas as tentativas de excluir do “Partido da Esquerda” os protagonistas da frente transversal. O processo de expulsão de Wagenknecht – que atacou abertamente o partido com a sua obra Die Selbstgerechten (Os Autoconvencidos) – falhou de forma espectacular. O raciocínio diz muito sobre o “Partido da Esquerda”. Apesar de a comissão de arbitragem estatal da Renânia do Norte-Vestefália ter chegado à conclusão28 de que a esquerdista preferida da direita alemã tinha causado “graves danos” ao partido com os seus ataques públicos à esquerda, o partido foi parcialmente culpado por esta situação, uma vez que “durante muitos anos não resolveu politicamente o conflito cada vez mais aceso”, tendo-o antes prolongado. A “solução política” para a propagação da ideologia fascista num partido de esquerda continua provavelmente a ser o segredo de uma comissão de arbitragem que adopta uma posição quase equidistante entre a frente transversal e o antifascismo.

E ainda melhor: em maio de 2022, a Comissão Federal de Arbitragem do “Partido da Esquerda” declarou que Wagenknecht não tinha causado qualquer dano grave ao partido, para finalmente rejeitar o pedido de expulsão.29 Lafontaine deixou o partido logo em março de 2022.30 Na conferência federal do partido de 2022, Gregor Gysi apelou à unidade e ao fim da “denúncia” para manter a paz partidária com os membros da frente transversal.31 Foi só no verão de 2023, quando a facção nacional-social em torno de Wagenknecht começou abertamente a recrutar funcionários do Partido da Esquerda para a sua nova fundação partidária, que Gysi viu uma linha vermelha ser ultrapassada.32

Poderia ser mais flagrante? Claro! O político do Partido da Esquerda Dieter Dehm, que interagiu repetida e abertamente com direitistas e ideólogos da conspiração e cujas entrevistas podem ser encontradas em órgãos de imprensa de direita e de extrema-direita,33 esteve para ser expulso do partido depois de ter apelado publicamente à fundação de uma formação rival para as eleições europeias de 2024. A comissão de arbitragem do Estado da Baixa Saxónia rejeitou este pedido por razões formais, mesmo em março de 2023 – apenas alguns meses antes da rutura oficial,34 em outubro, entre a esquerda remanescente e a frente transversal.35

A amarga verdade é que Wagenknecht, Lafontaine e Dehm teriam continuado a ser membros do “Partido da Esquerda”, apesar da sua retórica abertamente de direita e da agitação da frente transversal, se o tivessem querido. Wagenknecht não foi expulsa do partido, mas saiu depois de ter concluído os preparativos para a fundação de um novo partido nacional-social. Como já foi dito, esta táctica de adiamento de dez anos do “Partido da Esquerda” parece compreensível do ponto de vista político-partidário, mas causou sérios danos à esquerda alemã, que foi profundamente penetrada pelo veneno da frente transversal. Uma circunstância que simplesmente mostra que as organizações partidárias no capitalismo tardio não podem ser portadoras de uma prática emancipatória.

Wagenknecht, como pseudo-esquerdista boca de aluguer da direita alemã, tem a responsabilidade histórica de ter promovido a legitimação das posições da AfD no discurso público – especialmente durante a crise dos refugiados a partir de 2015. A culpa histórica do “Partido da Esquerda”, por outro lado, reside em ter torpedeado uma posição clara de frente antifascista por oportunismo e ter permitido que a esquerda fosse permeada pela ideologia de direita. Permitiu-se que a facção Wagenknecht continuasse porque se esperava que isso fosse vantajoso.

Como foi dito no início, nada mudou. Se houver a mais pequena hipótese de ganhar cargos e mandatos, o “Partido da Esquerda” também fará uma coligação com a formação da frente transversal de Wagenknecht. E foi precisamente o integracionista Bodo Ramelow, cujo voto levou os membros da AfD para os gabinetes parlamentares, que pôs em discussão a cooperação com a associação eleitoral BSW de Wagenknecht na Turíngia, na primavera de 2024, para ter ainda uma hipótese de permanecer na chancelaria estatal no outono. Até o presidente do “Partido da Esquerda” já fez as pazes com a BSW para satisfazer a sede de Ramelow por um cargo, ironizou o FAZ36 – enquanto Wagenknecht há muito que papagueia descaradamente as posições da AfD.37

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1 https://www.n-tv.de/politik/Die-AfD-hat-in-vielen-Punkten-recht-article10546126.html

2 “Gauland: Wagenknecht é uma boa opção para a AFD” https://www.t-online.de/nachrichten/deutschland/parteien/id_70949544/gauland-wagenknecht-passt-gut-zur-afd.html

3 https://www.telepolis.de/features/Gemeinsam-gegen-Rothschild-3365791.html?seite=all

4 https://www.konicz.info/2014/06/12/gemeinsam-gegen-rothschild/

5 https://www.spiegel.de/politik/deutschland/fluechtlingskrise-das-dilemma-der-linken-a-1062306.html

6 https://www.spiegel.de/politik/ausland/fluechtlinge-linke-vorstand-stellt-sich-gegen-sahra-wagenknecht-und-oskar-lafontaine-a-1067502.html

7 https://www.welt.de/politik/deutschland/article157312994/Heftige-Kritik-nach-Wagenknechts-Fluechtlings-Aeusserungen.html

8 https://www.youtube.com/watch?v=Pq43WAJ5l0E

9 https://taz.de/Wagenknecht-ueber-Rechtspopulisten/!5292976/

10 https://www.welt.de/politik/deutschland/article168436025/Sahra-Wagenknecht-lehnt-pauschale-Ausgrenzung-der-AfD-ab.html

11 https://www.juedische-allgemeine.de/unsere-woche/den-schwur-erneuert/

12 https://www.faz.net/aktuell/politik/inland/oskar-lafontaine-fordert-mehr-abschiebungen-14857893.html

13 https://twitter.com/tkonicz/status/1786261026020708530

14 https://taz.de/Die-Linke-und-Fluechtlingspolitik/!5450478/

15 https://taz.de/Antisemitismusstreit-in-der-Linkspartei/!5471154/

16 https://www.tagesspiegel.de/politik/wagenknecht-verteidigt-essener-tafel-4568803.html

17 https://www.focus.de/politik/deutschland/linkspartei-fraktionschefin-im-interview-sahra-wagenknecht-offene-grenzen-fuer-alle-das-ist-weltfremd_id_8442307.html

18 https://www.fr.de/meinung/kolumnen/sahra-wagenknecht-buch-die-selbstgerechten-links-emanzipation-die-linke-90469654.html

19 https://www.nzz.ch/meinung/sarrazin-wagenknecht-palmer-gefaehrliche-lust-am-ausschluss-ld.1631790

20 https://www.nd-aktuell.de/artikel/1066535.der-rassismus-im-lafonknechtschen-wagentainment.html

21 https://www.faz.net/aktuell/politik/inland/wagenknecht-und-linkspartei-einigen-sich-auf-kompromiss-15251567.html

22 https://www.spiegel.de/politik/deutschland/die-linke-sahra-wagenknecht-und-dietmar-bartsch-spitzenkandidaten-fuer-wahl-a-1124358.html

23 https://www.sueddeutsche.de/politik/ramelow-afd-thueringen-1.4834648

24 https://www.mdr.de/nachrichten/thueringen/afd-rechtsextremistisch-einstufung-verfassungsschutz-100.html

25 O oportunismo do Sr. Bartsch chegou mesmo ao ponto de se atravessar no seu próprio caminho. Bartsch – a mando do SPD e dos Verdes – começou a rejeitar elementos centrais do programa eleitoral do Partido da Esquerda durante a fase quente da campanha eleitoral em 2021. https://www.konicz.info/2021/09/24/linkspartei-wagenknecht-statt-kampf-um-emanzipation/

26 https://www.spiegel.de/politik/deutschland/linke-in-weimar-sahra-wagenknecht-und-oskar-lafontaine-bei-susanne-hennig-wellsow-im-wahlkampf-a-7cf51130-85ec-4cc3-8340-ceff043eb08c#

27 https://www.spiegel.de/politik/deutschland/linke-kritik-an-sahra-wagenknecht-nach-wahlniederlage-nimmt-zu-a-2304c472-4381-482e-a4fc-c3b658c04f2c

28 https://www.spiegel.de/politik/deutschland/sahra-wagenknecht-und-das-parteiausschlussverfahren-ex-fraktionschefin-hat-linke-schweren-schaden-zugefuegt-darf-aber-bleiben-a-00456479-1646-48b6-8bba-60ed9ec17169

29 https://www.spiegel.de/politik/deutschland/sahra-wagenknecht-bundesschiedskommission-lehnt-parteiausschluss-ab-a-92da482e-4875-4efd-9456-8a23f75d3d65

30 https://www.dw.com/de/oskar-lafontaine-kehrt-linkspartei-den-r%C3%BCcken/a-61165171

31 https://www.fr.de/politik/linke-parteitag-2022-gregor-gysi-kritik-sahra-wagenknecht-janine-wissler-vorsitz-wahl-news-zr-91623508.html

32 https://www.fr.de/politik/sahra-wagenknecht-linke-neue-partei-gregor-gysi-ostdeutschland-berlin-politik-zr-92360105.html

33 https://taz.de/Wagenknecht-Allianz/!5918190/ (Dehm nega ter dado autorização para publicar a entrevista à Compact).

34 https://www.deutschlandfunk.de/wagenknecht-tritt-aus-der-linkspartei-aus-und-stellt-details-zur-gruendung-ihrer-eigenen-partei-vor-100.html

35 https://taz.de/Kein-Parteiauschluss-fuer-Diether-Dehm/!5921099/

36 https://www.faz.net/aktuell/politik/inland/wie-ernst-meint-die-linkspartei-eine-zusammenarbeit-mit-der-cdu-19624524.html

37 https://www.derwesten.de/politik/wagenknecht-linke-asyl-lanz-news-migration-i-id300661192.html

Original “Linkspartei: Querfrontschrecken ohne Ende” in konicz.info, 06.06.2024. Este texto faz parte do livro de Tomasz Konicz Deutschlands Querfront. Altlinke auf dem Weg zur Neuen Rechten [Frente transversal da Alemanha. A velha esquerda a caminho da nova direita]. Tradução de Boaventura Antunes

Linkspartei: Querfrontschrecken ohne Ende
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