O posicionamento da liderança da BSW até à data desmascarou esta formação como impulsionadora da hegemonia de direita
10.06.2024, Tomasz Konicz
Porque é que precisamos de uma “Aliança Sahra Wagenknecht” (Bündnis Sahra Wagenknecht: BSW) quando já existe uma AfD? Um argumento comum, apresentado sobretudo por simpatizantes conservadores da BSW, assume que esta formação irá enfraquecer a AfD nas eleições, uma vez que existem sobreposições de conteúdo entre os dois partidos populistas.
No que diz respeito às próximas eleições estaduais na Turíngia, o Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ) falou de uma “esperança silenciosa” de que a “aliança Wagenknecht use o populismo de salão para roubar o apoio ao populismo extremista da AfD”.1 A BSW não deverá ter problemas em ultrapassar a barreira dos cinco por cento no dia 1 de setembro, embora o FAZ tenha de admitir que estes ganhos de popularidade serão principalmente à custa do “Partido da Esquerda” do primeiro-ministro Bodo Ramelow. A esperança é a última a morrer. Especialmente porque, no caso do conservador FAZ, o enfraquecimento efectivo do Partido da Esquerda seria provavelmente um efeito secundário não indesejável.
Mas em que consiste exactamente a alegada tentativa da BSW de “tirar o apoio” à Alternativa para a Alemanha, partido de extrema-direita? Parece que a senhora Wagenknecht adopta as posições da AfD. As declarações da ex-política do Partido da Esquerda não diferem muito da vulgar agitação fascista. Pode mesmo dizer-se que a embalagem pseudo-esquerdista com que Wagenknecht encobria os seus ressentimentos, quando construía contradições entre os cidadãos alemães empobrecidos e os refugiados ou as minorias,2 desapareceu simplesmente. O populismo “de salão” parece igualzinho ao seu modelo extremista.
Agitação em torno dos refugiados
Já no final de 2023, Wagenknecht deixou claro que a sua organização eleitoral BSW e a AfD estavam de facto a seguir a mesma política na política de refugiados.3 De acordo com Wagenknecht, devem ser retirados todos os benefícios aos refugiados rejeitados, a fim de dissuadir outros potenciais imigrantes. Os refugiados ilegais devem, portanto, ser ameaçados de fome, algo que nem mesmo a CDU está a planear, observou um antigo membro do Partido da Esquerda de Wagenknecht. Aqui a populista de salão já estava a ir além da Lei Fundamental, uma vez que, de acordo com o Tribunal Constitucional Federal, o direito básico a um nível mínimo de subsistência é igualmente reconhecido “a alemães e a estrangeiros residentes na República Federal da Alemanha”.4
Trata-se de enviar um sinal de que “nem toda a gente pode vir para a Alemanha”, disse a Sra. Wagenknecht num programa de entrevistas em novembro de 2023, numa linguagem clássica da AfD.5 Os refugiados não deveriam poder entrar na Alemanha e na UE, segundo a antiga líder da ala nacional-social do “Partido da Esquerda”: ela acredita que faz sentido “realizarmos procedimentos de asilo em países que são considerados países terceiros seguros”. Isto também poderia ser feito em África, explicou Wagenknecht,6 onde em países como a Líbia se encontram condições semelhantes a campos de concentração desde a crise dos refugiados, como o Ministério Federal dos Negócios Estrangeiros observou em 2017 em relação a campos geridos por milícias.7
Em março de 2024, Wagenknecht deixou claro que está à direita da CDU no que diz respeito ao assédio aos mais vulneráveis da sociedade, quando mais uma vez apelou ao cancelamento dos benefícios para os requerentes de asilo rejeitados, uma vez que isso era “inexplicável para o contribuinte”. Após “um período de transição, as prestações pecuniárias devem ser suprimidas se não existir um estatuto de protecção”, afirmou a multimilionária com uma presença permanente nos media. Aliás, a populista de salão, que já demonstrou várias vezes grande simpatia por Vladimir Putin, também não gosta dos refugiados ucranianos. Diz que eles só querem o nosso belo dinheiro alemão porque estão a cometer fraudes sociais: “Quando os ucranianos regressam ao seu país de origem vivem lá na prática e só vêm para cá para receber benefícios, então há grandes pontos de interrogação”. Conhece muitos casos, mas não quer generalizar, diz a líder da “Aliança Sahra Wagenknecht”.8
Agitação contra os desempregados e os socialmente desfavorecidos
Durante as longas disputas no Partido da Esquerda,9 que antecederam a fundação da BSW, a facção da frente transversal em torno de Wagenknecht argumentou que o resto do partido estava a negligenciar os interesses dos alemães socialmente desfavorecidos em favor dos refugiados e das minorias. Mas agora é precisamente a líder de facto da BSW que se junta à frente de direita contra o rendimento mínimo e força ataques aos mais desfavorecidos socialmente. Já no início de 2024, os funcionários da BSW, que é financiado principalmente pelas PME,10 deixaram claro que consideravam os beneficiários de prestações sociais como um “milieu de mamões e beneficiários de esmolas” que não deveriam ser apoiados em circunstância alguma.11 O antigo membro do SPD Thomas Geisel, que se tornou o cabeça de lista às eleições europeias de 2024 depois de se ter juntado à BSW, lamentou a rejeição por parte dos social-democratas da Agenda 2010 e das leis laborais Hartz IV, bem como o slogan do ex-chanceler Gerhard Schröder de “promover e exigir”. Segundo Geisel, a Alemanha degenerou, por isso, num caso carente de recuperação e ele quereria tomar medidas corajosas contra “as corridas ao rendimento mínimo e ao trabalho ilegal”.
Numa entrevista ao seu jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ), a populista de salão deixou bem claro que a sua crítica nacional-social ao alegado favorecimento das minorias pelo “Partido da Esquerda” não passava de uma fachada para o ressentimento e o racismo.12
Segundo a antiga defensora dos assalariados alemães no Partido da Esquerda, o “abuso do rendimento mínimo” deve ser travado, adoptando a narrativa da campanha da direita contra o rendimento mínimo. O jornal de direita “Junge Freiheit” elogiou a crítica reaccionária de Wagenknecht já no final de 2023, quando ela se pronunciou a favor de sanções – ou seja, cortes nos subsídios – para os beneficiários do rendimento mínimo, semelhantes ao assédio por vezes mortal no sistema Hartz IV.13 Wagenknecht também partilhou a crítica da direita ao termo rendimento mínimo no FAZ, uma vez que “não se destinava a dar dinheiro aos cidadãos, mas a proteger os desempregados” (os desempregados não são cidadãos de pleno direito e legalmente iguais para a direita).
Estas primeiras posições claras dos dirigentes do projecto da frente transversal BSW – que pretende ultrapassar a divisão entre esquerda e direita alinhando com a direita – obrigam a classificá-lo politicamente dentro da nova direita. Trata-se de uma formação de direita que abandonou a sua antiga casa política de esquerda através da ideologia da frente transversal – se por oportunismo ou por ressentimento crescente pouco importa. O populismo na Alemanha, com a sua tradição democrática superficial, transforma-se inevitavelmente em populismo de direita.14 Rótulos como “nacional de esquerda”, que têm sido utilizados para descrever a BSW, são por isso enganadores. Faria mais sentido utilizar o adjectivo nacional-social, no sentido da “política social” do nacional-socialismo, que também consistia no trabalho obrigatório e no trabalho forçado organizado pelo Estado (e é óbvio que isto não tem nada a ver com crítica social ou algo semelhante).
A BSW como impulsionadora da hegemonia de direita
O “nacional-socialismo”, entendido como uma pseudo-social ideologia de crise fascista, parece ser uma forma de fascismo genuinamente alemã, que ganha força em tempos de crise – e aqui, no cheiro desta mistura nacional-social, podemos de facto conceder à Sra. Wagenknecht um nariz apurado. O que a BSW está a propagar não é, portanto, nada de novo, mas sim uma variante socialmente disfarçada do ressentimento da direita e da habitual ideologia do trabalho forçado que vem ao de cima na RFA em tempos de crise. O posicionamento pouco claro da BSW em relação à AfD, que é amplamente classificada como “extremista de direita confirmada” pelo Gabinete para a Protecção da Constituição, especialmente na Alemanha de Leste, faz parte deste quadro. Em fevereiro de 2024, a populista de salão deixou claro que, com ela, não haveria qualquer barreira contra a AfD.15 Segundo Wagenknecht, ela não quer excluir quaisquer “resoluções conjuntas” com a AfD, uma vez que políticos da AfD, como Alice Weidel, representam apenas posições conservadoras e economicamente liberais (ainda em 2017, Weidel imaginou a RFA como um país ocupado pelas “potências vencedoras” e administrado por um regime fantoche de “porcos”).16 Naturalmente, Wagenknecht – que manteve contactos com um extremista de direita17 – também é contra uma proibição da AfD, descrevendo tais exigências como uma “pobreza de acusação”.18
Mais recentemente, até mesmo a CDU – onde a barreira contra a AfD está a desmoronar-se ao máximo – excluiu, pelo menos oficialmente, a cooperação com a AfD, uma organização de extrema-direita.19 A BSW está, portanto, à direita da direita política. Isto significa que Wagenknecht assume efectivamente o papel de uma vanguarda fascista que está em vias de abalar o já frágil tabu da participação da extrema-direita no governo. Até agora, a BSW também não conseguiu reduzir especificamente os índices de aprovação da AfD, como o FAZ esperava. Na Saxónia-Anhalt, na Turíngia, na Saxónia e em Meclemburgo-Pomerânia Ocidental, a AfD ainda pode esperar tornar-se o partido mais forte, de acordo com as sondagens.20 As sondagens em vários estados federados da Alemanha de Leste sugerem mesmo que são prováveis constelações em que apenas a CDU, a AfD e a BSW estejam representados nos parlamentos estaduais (por exemplo, na Saxónia, onde o Partido da Esquerda, os Verdes e o FDP estão com receio de não entrar no parlamento estadual).
A hegemonia da direita, que já existe em muitas áreas controversas, encontraria assim também a sua expressão política numa deslocação maciça para a direita do espectro político. A BSW está a forçar precisamente esta hegemonia de direita no discurso, utilizando as mesmas narrativas que a direita nas questões controversas dos refugiados, estrangeiros e política social – embora com um disfarce pseudo-social. Deste modo Wagenknecht & Cª cimentam efectivamente o avanço estratégico da nova direita, sem contribuir para o seu enfraquecimento nas urnas. Existe uma hegemonia discursiva na esfera pública quando uma corrente política consegue determinar as bases, o quadro da discussão pública em que se desenrolam os debates políticos concretos do dia a dia. E é precisamente isso que a AfD tem conseguido alcançar em cooperação informal com Wagenknecht desde a crise dos refugiados. Há anos que Wagenknecht repete os discursos da direita – socialmente camuflados.21 A antiga política do Partido da Esquerda foi uma das primeiras figuras públicas a ajudar a legitimar a agitação da AfD contra os refugiados, que entretanto se tornou hegemónica, o mais tardar a partir de 2016.22 A hegemonia da direita permite assim que o pré-fascismo se torne normal na Alemanha. Isto significa que formações como a AfD e a BSW também se estão a tornar “normais” – mesmo que aquilo que dizem actualmente tivesse sido considerado inaceitável ou uma quebra de tabu há apenas alguns anos.
A vitória da AfD nos talk shows
As aparições televisivas de celebridades da AfD na primavera de 2024, que marcaram o início de uma nova normalização deste partido de extrema-direita, tornaram deprimentemente claro como está de facto a ocorrer uma hegemonia pré-fascista.23 Recorde-se que, no início de 2024, a República Federal da Alemanha foi dominada por uma revolta de curta duração contra a AfD,24 depois de se terem tornado públicos os planos de deportação de milhões de cidadãos com antecedentes migratórios da República Federal da Alemanha (Wagenknecht mantinha correspondência com um dos extremistas de direita,25 que estiveram presentes na “reunião de deportação” em Potsdam). Depois de esta onda de indignação, que culminou em manifestações de massas e apelos à proibição, se ter dissipado sem quaisquer consequências, os media voltaram à normalidade a partir de abril de 2024 – mesmo a tempo da fase quente da campanha eleitoral europeia – para dar à AfD uma série de vitórias em talk shows.
O fascista Björn Höcke, por exemplo, foi autorizado a debater com o candidato da CDU, Mario Voigt, no programa Welt-TV, do grupo de direita Springer. No decurso deste controverso debate, tornou-se claro que a AfD já tinha ganho antes de começar. Entre outras coisas, os adversários discutiram sobre quem era melhor e mais eficaz a deportar refugiados e a assediá-los com base nos novos regulamentos (cartões de pagamento, etc.), que foram introduzidos no outono de 2023 com o apoio de quase todos os partidos.26 Voigt atacou especificamente Höcke pelo facto de a CDU na Turíngia já ter introduzido cartões de pagamento e trabalho forçado (trabalho obrigatório) para refugiados, enquanto o administrador distrital da AfD ainda não o tinha implementado. A lógica fascista de “Fechar as fronteiras!” e “Estrangeiros fora!” era já a base hegemónica deste debate.
Pouco depois, o co-líder da AfD, Chrupalla, foi autorizado a especular na televisão ARD sobre um possível primeiro-ministro, numa verdadeira “conversa de bem-estar” (Der Westen) e a contrapor referências à “falta de mão de obra qualificada”, que tornava a imigração necessária, com uma referência à actual crise da economia de exportação alemã.27 Pouco tempo depois, no final de abril de 2024, o porta-voz nacional da AfD participou como convidado no programa de Maybrit Illner, onde foi acusado de trair os “interesses alemães” à luz de casos de espionagem.28 Os nacionalistas da AfD foram assim acusados de não serem suficientemente nacionais durante a acolhedora “conversa de fogueira ”.29 Este é o fim miserável da revolta burguesa contra um partido dominado por fascistas que planeia milhões de deportações em violação da Lei Fundamental. A lógica da AfD há muito que se estabeleceu na brutalização induzida pela crise do pensamento burguês, uma vez que representa a forma extremista de crise da ideologia capitalista.
O fascismo está a coagular-se numa normalidade citável e compatível com os talk shows; a indignação com a reedição pela AfD dos planos nazis de Madagáscar há muito que se evaporou perante a crise que se manifesta cada vez mais claramente na Alemanha. E Wagenknecht foi a pioneira desta normalização da brutalização fascista já em 2016, durante a crise dos refugiados. A crise sócio-ecológica global do capital ameaça pôr fim ao processo civilizacional; seriam necessárias amplas discussões sobre formas de transformar o sistema – e a AfD e Wagenknecht conseguiram a proeza ideológica de transformar em bode expiatório as vítimas da crise sistémica, desde os desempregados aos refugiados.
Um “Partido da Esquerda” ávido de coligações
Esta brutalização induzida pela crise não se limita ao Partido da Esquerda, do qual Wagenknecht e os seus apoiantes nacional-sociais saíram há alguns meses. Apesar de Wagenknecht – como já foi exaustivamente demonstrado – ter adoptado abertamente o jargão da AfD, as críticas do Partido da Esquerda à sua antiga chefe mantêm-se dentro de limites modestos. Isto deve-se à ânsia de governação do Partido da Esquerda, que já declarou abertamente o seu desejo de formar uma coligação com Wagenknecht, a qual deixou o Partido da Esquerda devido à sua retórica nacional-social. No final de março de 2024, o líder do Partido da Esquerda Martin Schirdewan e o Ministro Presidente da Turíngia Bodo Ramelow afirmaram a sua vontade de formar uma coligação com a BSW, que descreveram como uma “força democrática” que poderia enviar um “sinal democrático claro”.30 Os funcionários da BSW, que não querem excluir a cooperação com a AfD, ficaram “irritados” com estas tentativas de aproximação.31
Em linguagem simples: o Partido da Esquerda na Turíngia quer formar uma coligação com a BSW, que só recentemente abandonou o partido e cuja retórica dificilmente pode agora ser separada da da AfD. São os políticos da BSW que se opõem a isso. A agitação contra os socialmente desfavorecidos e os refugiados tornou-se simplesmente a norma no contexto desta hegemonia de direita, a que já não se opõem quaisquer planos de coligação – incluindo os do Partido da Esquerda.
Ramelow e a sua equipa estão desesperados por se manterem nos seus lugares – e, se necessário, uma formação que utilize uma retórica compatível com a AfD é reinterpretada como uma “força democrática”. O que vem à tona aqui mais uma vez é o oportunismo contraproducente e ilimitado do “Partido da Esquerda”, que está mais ou menos parado no seu próprio caminho, pois é errado por razões tácticas agradar a forças de direita e nacional-sociais como sendo forças formalmente de esquerda na campanha eleitoral. Isto traz-me recordações da campanha eleitoral de 2021, quando Dietmar Bartsch começou a descartar32 elementos centrais do programa do partido algumas semanas antes da data das eleições, depois de os Verdes e o SPD os terem criticado – o que não ajudou exactamente a aumentar os índices de popularidade do “Partido da Esquerda” na fase quente da campanha eleitoral.
É claro que nem só os oportunistas estão activos no “Partido da Esquerda”! Houve até uma onda de activistas que aderiram na virada do ano.33 No entanto, estes esquerdistas que se juntaram ao partido após a saída de Wagenknecht podem, na melhor das hipóteses, degenerar em ingénuos soldados da frente transversal, se um resultado eleitoral miserável na Turíngia não salvar o partido de si próprio. Porque, uma coisa é certa, se houver a mais pequena hipótese de ganhar cargos e mandatos, o Partido da Esquerda aceitará até as exigências mais absurdas da BSW.
O meu trabalho jornalístico é financiado maioritariamente por donativos. Se gosta dos meus textos, pode contribuir – através do Patreon, do Substack ou por transferência bancária direta após consulta por e-mail:
1 https://www.faz.net/aktuell/politik/inland/wie-ernst-meint-die-linkspartei-eine-zusammenarbeit-mit-der-cdu-19624524.html
2 https://www.kontextwochenzeitung.de/debatte/525/im-wirtschaftswunderland-7450.html
3 https://www.derwesten.de/politik/wagenknecht-linke-asyl-lanz-news-migration-i-id300661192.html
4 https://www.welt.de/politik/deutschland/article250582440/Sahra-Wagenknecht-will-Leistungen-fuer-abgelehnte-Asylbewerber-streichen.html
5 https://www.fr.de/politik/wagenknecht-partei-neugruendung-maischberger-asylverfahren-afrika-syrien-92661578.html
6 https://www.n-tv.de/politik/Wagenknecht-fuer-Asylverfahren-in-Drittstaaten-article24516299.html
7 https://www.spiegel.de/politik/ausland/libyen-kz-aehnliche-verhaeltnisse-fuer-fluechtlinge-laut-bericht-beklagt-a-1132184.html
8 https://www.fr.de/politik/auszahlung-beim-buergergeld-wagenknecht-wirft-ukraine-gefluechteten-sozialbetrug-vor-lindner-asyl-92667504.html
9 https://www.telepolis.de/features/Wagenknecht-unter-Druck-3864860.html?seite=all
10 https://www.stuttgarter-nachrichten.de/inhalt.ralph-suikat-millionaer-aus-baden-wuerttemberg-unterstuetzt-wagenknecht-partei.94ad5e3c-a794-465b-ad14-ee2be6845dcd.html
11 https://www.welt.de/politik/deutschland/article249413574/Buendnis-Sahra-Wagenknecht-Was-nicht-geht-sind-Karrieren-von-Buergergeld-und-Schwarzarbeit.html
12 https://www.faz.net/aktuell/wirtschaft/sahra-wagenknecht-missbrauch-von-buergergeld-gehoert-eingedaemmt-19597833.html
13 https://jungefreiheit.de/politik/deutschland/2023/buergergeld-zerlegt/
14 https://www.konicz.info/2016/08/11/die-sarrazin-der-linkspartei/
15 https://www.n-tv.de/politik/Wagenknecht-laesst-Zusammenarbeit-mit-der-AfD-offen-article24761922.html
16 https://www.welt.de/politik/deutschland/plus168480470/Diese-Schweine-sind-nichts-anderes-als-Marionetten-der-Siegermaechte.html
17 https://web.de/magazine/politik/politische-talkshows/markus-lanz-sahra-wagenknecht-enthuellt-konakt-rechtsextremist-39075056
18 https://www.youtube.com/watch?v=t3UMORZ5mf0
19 https://www.zeit.de/politik/deutschland/2023-08/cdu-merz-schliesst-zusammenarbeit-afd-aus-ard-sommerinterview
20 https://dawum.de/Sachsen-Anhalt/ ; https://dawum.de/Sachsen/ ; https://dawum.de/Thueringen/ ; https://dawum.de/Mecklenburg-Vorpommern/ ;
21 https://taz.de/Kommentar-Wagenknecht-und-die-AfD/!5368997/
22 https://taz.de/Kommentar-Sahra-Wagenknecht/!5327896/ ; https://www.welt.de/politik/deutschland/article153645931/Wer-hat-s-gesagt-AfD-oder-Linke.html ; https://www.tagesspiegel.de/politik/mit-solchen-slogans-kommen-wir-nicht-weiter-3689068.html ; https://www.zeit.de/politik/deutschland/2016-10/afd-linke-frauke-petry-sahra-wagenknecht-interview
23 https://www.kontextwochenzeitung.de/debatte/667/die-extreme-mitte-9310.html. Em português: https://www.konicz.info/2024/01/18/o-extremo-centro/
24 https://www.konicz.info/2024/01/31/ein-letztes-mal-antifa/. Em português: https://www.konicz.info/2024/02/02/antifascismo-pela-ultima-vez/
25 https://www.faz.net/aktuell/politik/inland/sahra-wagenknecht-hatte-jahrelang-e-mail-kontakt-mit-rechtsextremist-moerig-19456749.html
26 https://www.focus.de/politik/deutschland/tv-duell-im-faktencheck-migration-wirtschaft-thueringen-so-oft-lagen-voigt-und-hoecke-daneben_id_259847298.html
27 https://www.derwesten.de/politik/caren-miosga-afd-chrupalla-g-id300931507.html
28 https://www.faz.net/aktuell/feuilleton/afd-bei-illner-und-miosga-wer-entzaubert-tino-chrupalla-19680782.html
29 https://www.tagesspiegel.de/kultur/tino-chrupalla-bei-maybrit-illner-am-lagerfeuer-des-grauens-11576420.html
30 https://www.mz.de/deutschland-und-welt/deutschland/thuringen-schirdewan-schliesst-koalition-mit-bsw-nicht-aus-3816281
31 https://www.mdr.de/nachrichten/thueringen/cdu-bsw-linke-mehrheit-ramelow-100.html
32 https://www.konicz.info/2021/09/24/linkspartei-wagenknecht-statt-kampf-um-emanzipation/
33 https://www.akweb.de/bewegung/massenhafter-eintritt-in-die-linkspartei-ist-sinnvoll/
Original “Wagenknechts rechte Hegemonie” in konicz.info, 21.05.2024. Este texto faz parte do livro de Tomasz Konicz Deutschlands Querfront. Altlinke auf dem Weg zur Neuen Rechten [Frente transversal da Alemanha. A velha esquerda a caminho da nova direita]. Tradução de Boaventura Antunes