Grã-Bretanha: The first to fall?

konicz.info, 24.12.2022

O Reino Unido parece ser o elo mais fraco da cadeia dos países industrializados ocidentais (Segunda parte de uma série sobre o actual surto de crise).

Sem o Brexit isto não teria acontecido. O regozijo com que a imprensa alemã acompanha o declínio económico do Reino Unido quase não é disfarçado. É raro um relatório sobre a crescente turbulência financeira e económica nas Ilhas Britânicas que não cite economistas1 ou banqueiros centrais2 a atribuirem isso à saída do Reino Unido da UE. A norte do Canal da Mancha aproxima-se uma recessão prolongada,3 em resultado da qual a economia britânica será deixada para trás pelos seus concorrentes europeus,4 estando o Reino Unido cada vez mais marginalizado,5 de acordo com o teor pessimista da imprensa económica de língua alemã.

E há muita verdade nisto. Muitos assalariados das Ilhas Britânicas estão de facto ameaçados de colapso social. Em meados de Novembro, o Gabinete de Responsabilidade Orçamental (Office of Budget Responsibility: OBR) do Tesouro Britânico publicou uma previsão económica de longo prazo para os próximos anos6 que não o esconde: de acordo com ela, a população da Grã-Bretanha enfrentará uma queda do nível de vida de sete por cento até ao final de 2024, o que seria a maior quebra desde o início da recolha do material estatístico correspondente nos anos 50.7 O rendimento disponível das famílias deverá cair 4,3% já no ano fiscal de 2022/23, de acordo com a OBR – este é também um recorde histórico negativo.8 Os ganhos de prosperidade dos últimos oito anos deverão ser revistos entretanto.

Vários factores contribuem para a crise social que se aproxima: A inflação britânica, impulsionada pelo aumento dos preços da energia e dos alimentos, é particularmente elevada chegando a 11,4% (Outubro de 2022),9 enquanto que o país terá de enfrentar uma recessão particularmente longa, durante a qual o OBR prevê que cerca de 500.000 trabalhadores por conta de outrem ficarão provavelmente desempregados, com a taxa de desemprego a subir de 3,5% para 4,9%. O produto interno bruto (PIB) do Reino Unido deverá contrair 2% até 2024, sendo que o nível do PIB registado antes da crise, na véspera da pandemia no início de 2020, não será atingido nem sequer no final de 2024.

O Banco de Inglaterra fala agora da „maior recessão desde a década de 1930“.10 O abrandamento económico total começou efectivamente nas Ilhas Britânicas em Agosto passado, quando o PIB caiu ligeiramente em 0,3%.11 Em todo o terceiro trimestre de 2022, o Reino Unido registou uma contracção da produção económica de 0,2%.12 Além disso, apesar da viragem do banco central nas taxas de juro, prevê-se que a inflação se mantenha elevada a médio prazo: estimada em 7,4% para o próximo ano.

Para além do declínio dos rendimentos reais induzido pela inflação e pela recessão, há as consequências da crise no sector financeiro e no mercado imobiliário, bem como o impacto da viragem da política monetária do banco central. Muitos compradores de casas e mutuários de hipotecas estão a enfrentar encargos financeiros adicionais, devido ao rápido aumento das taxas de juro, enquanto o valor real das suas casas está a diminuir rapidamente, devido à queda dos preços e à elevada inflação. A queda média projectada de dez por cento nos preços dos imóveis é susceptível de conduzir a uma perda de valor real de cerca de 25 por cento nos próximos dois anos de crise, devido à dinâmica da inflação de mais de onze por cento.13

Um motor adicional da inflação é a fraca moeda britânica, que se desvalorizou nos últimos meses em relação ao dólar americano, moeda de reserva mundial na qual grande parte do comércio de mercadorias e energia é efectuado, dado que a Reserva Federal dos EUA está a avançar rapidamente com a sua viragem na taxa de juro.14 No início de 2022, a libra estava ainda a 1,36 dólares, enquanto no final de Setembro era de apenas 1,08 dólares. Só depois de Londres ter anunciado uma política de austeridade orçamental em Outubro é que a moeda britânica estabilizou no seu nível actual de 1,22 dólares. A valorização do dólar americano leva assim à importação da inflação no Reino Unido, que quase não tem uma indústria de exportação significativa que pudesse beneficiar de uma moeda fraca, sendo que a inflação que também obriga os guardiões monetários de Londres a „apertar“ a política monetária.

A subida da taxa de base do Banco de Inglaterra para 3% no início de Novembro,15 a ser seguida por outras medidas restritivas das taxas de juro para conter a inflação de dois dígitos,16 está por sua vez a elevar as taxas de juro sobre empréstimos e hipotecas, enquanto muitos mutuários e titulares de hipotecas enfrentam receitas decrescentes. Cerca de dois milhões de compradores de casas irão enfrentar custos hipotecários mais elevados nos próximos dois anos de crise, levando à necessária venda de casas e a uma maior pressão sobre os preços no mercado imobiliário. Além disso, muitas das medidas de apoio e programas de estímulo financiados pelo governo estão a chegar ao fim, enquanto a nova administração do primeiro-ministro Rishi Sunak está a implementar medidas de austeridade e aumentos de impostos para controlar o défice orçamental.

Os aumentos de impostos e cortes de despesas do governo britânico somam 55 mil milhões de libras, que incluem mesmo uma extensão da taxa máxima de impostos pela administração conservadora: O limiar da taxa máxima de imposto descerá de 150.000 para 125.140 libras de rendimento anual.17 A propósito, a soma do pacote de austeridade corresponde ao anterior défice orçamental anual de Londres, em que 30 mil milhões de libras deverão ser poupados através de cortes nas despesas e 25 mil milhões obtidos através de impostos mais elevados.18 Além disso, a política de austeridade destina-se a evitar uma crise orçamental que, de acordo com as previsões do OBR, seria uma ameaça nos próximos anos, se continuasse o actual curso da política económica activa financiada pela dívida. A partir de 2026, o défice orçamental britânico teria aumentado para mais de 100 mil milhões de libras.

Em todo o caso, a maioria das medidas de austeridade só entrarão em vigor após as „eleições gerais de 2024“, o que foi interpretado como uma „armadilha“ pelos políticos da oposição social-democrata (trabalhistas), observou o Financial Times (FT).19 Além disso, existe uma excepção à política de austeridade: a subsidiação dos preços da energia, que supostamente garante aos consumidores um preço máximo, foi mantida, o que aumentou a dívida pública em 13,5 mil milhões de libras em Novembro, mais 4,4 mil milhões de libras do que no mesmo mês do ano passado.20

No entanto, este pacote de austeridade, juntamente com os seus aumentos de impostos, representa uma mudança política fundamental, uma vez que o anterior governo de curta duração da desafortunada Primeira-Ministra Liz Truss ainda queria implementar um programa abrangente de cortes fiscais.21 Os cortes fiscais, especialmente para os ricos e as empresas, deveriam conduzir a um défice de receitas de 45 mil milhões de libras esterlinas. Em Setembro passado, Truss quis mesmo abolir completamente a taxa máxima do imposto. Agora, cerca de três meses depois, aumentos de impostos de 55 mil milhões de libras estão a ser decididos por Londres. Segundo o FT, o maior corte fiscal em 50 anos está agora a ser substituído pelo „maior aumento de impostos em 30 anos“ sob o Primeiro Ministro Sunak.

A pátria do neoliberalismo está assim a dizer adeus à política de redução de impostos e à famigerada doutrina da Trickle-Down-Economics, segundo a qual as receitas adicionais para as empresas e os ricos acabariam por „pingar“ para as classes média e baixa. Em vez disso, de acordo com o OBR, a taxa de impostos subirá para 37,1% do PIB britânico, um recorde no pós-guerra. E foram também em última análise os „mercados“ que sinalizaram o fim desta política de crise, comum nos centros do sistema mundial, onde até agora os governos têm conseguido amortecer qualquer crise com medidas de crise financiadas pela dívida e uma política monetária expansionista.

Nos „sete dias que abalaram a Grã-Bretanha“, como disse o FT,22 Londres foi literalmente forçada a uma drástica viragem orçamental no final de Setembro. O mercado de obrigações da dívida pública britânica entrou em forte turbulência em resposta aos cortes fiscais do governo Truss, mostrando os primeiros sinais de uma „fusão nuclear financeira“ (FT), ou seja, um colapso do sistema financeiro. As taxas de juro das obrigações explodiram literalmente em poucos dias, de 3,5 para 5% sobre as obrigações a 30 anos, reflectindo a queda da cotação. E os preços caíram apenas porque havia pouca procura de obrigações britânicas, uma vez que para muitos participantes no mercado não era claro como Londres poderia financiar os cortes fiscais face a um rápido aumento da dívida pública.

Um gestor de fundos lamentou-se ao FT que, nos seus 21 anos de carreira, nunca tinha vivido uma situação tão dramática, pois por vezes tinha sido simplesmente impossível encontrar compradores para as obrigações da dívida pública britânica, ou gilts. Mesmo durante a crise financeira de 2008, houve „sempre um mercado para as gilts“. Para pôr fim ao emergente „pânico do mercado“ (FT), o Banco de Inglaterra teve de intervir e – no meio de uma fase de inflação de dois dígitos – comprar 65 mil milhões de libras de títulos da dívida pública britânica, ou seja, acabar por imprimir dinheiro. Este „programa de liquidez“ do banco central britânico só terminou em meados de Outubro, após a viragem orçamental de Londres.23 O novo orçamento de austeridade serve assim também o propósito de estabilizar o mercado para as gilts, uma vez que uma „economia do G7“ foi aqui apanhada por um pânico do mercado, segundo o FT. Este tipo de coisa era anteriormente mais familiar no sul global ou da periferia sul da UE, por exemplo, Grécia, Espanha ou Portugal no início da crise do euro. Agora a crise está a eclodir nos centros do sistema mundial.

Os mercados de obrigações soberanas são normalmente de morrer de tédio,24 pois são vistos como um „banco seguro“ onde investidores institucionais, como companhias de seguros ou fundos de pensões, querem investir dinheiro com segurança a longo prazo. E foram precisamente muitos fundos de pensões britânicos que ficaram sob pressão crescente devido ao tremor financeiro no mercado obrigacionista.25 Num crash do mercado obrigacionista, não são apenas alguns especuladores que perdem o seu dinheiro – milhões de pensões de toda uma geração de trabalhadores assalariados ficam então no fogo. As ondas de choque de uma crise total no mercado obrigacionista abalariam assim não só a esfera financeira, mas toda a economia – através do colapso da procura e do aperto do crédito.

E é por isso que a abrupta viragem na política orçamental de Londres, em que quase todos os cortes fiscais foram revistos em meados de Outubro, deve ser interpretada como uma tentativa de „acalmar“ os agitados „mercados“, que já quase não queriam comprar títulos de dívida britânicos, como dizem os media americanos.26 Contudo, estes „tranquilizantes“ também parecem ser extremamente necessários tendo em conta o rápido crescimento da montanha da dívida britânica.27 O peso da dívida do Estado britânico é actualmente equivalente a quase 101,9% da produção económica anual do Reino Unido, enquanto que antes do surto da pandemia era apenas 84,4%. O Reino Unido tem um peso da dívida pública superior à média da UE, que é de 86 por cento do PIB. Mesmo a França e a Espanha têm apenas um encargo de dívida ligeiramente mais elevado a suportar, com 113 e 116 por cento, respectivamente.

As dispendiosas medidas de crise de Londres após o surto da pandemia e da guerra na Ucrânia são agora acompanhadas por uma recessão que está a aumentar a montanha da dívida em relação à força económica decrescente. Por conseguinte, é questionável se os „pacotes de austeridade“ de Londres podem realmente contribuir para reduzir a dívida pública. As economias nacionais não são „donas de casa da Suábia“. Os programas de austeridade conduzem a quedas na procura que podem levar a recessões, o que torna o peso da dívida ainda maior perante a queda do PIB. Além disso, a austeridade leva à queda das receitas fiscais e ao aumento das despesas sociais – tais como a segurança social ou os subsídios de desemprego. O fenómeno da autêntica „poupança na bancarrota“ é bem conhecido da crise do euro, como exemplificado pelo sadismo de austeridade do então Ministro das Finanças alemão Schäuble na Grécia.

O que agora se está a manifestar plenamente no Reino Unido é simplesmente a armadilha fundamental da crise28 da política burguesa, que parece já não ter qualquer saída sistémica para protelar a crise. O Reino Unido pode manobrar entre dois caminhos no desenvolvimento futuro da crise: Londres pode emular Schäuble e fazer o caminho deflacionário dos programas de austeridade, o que pode em última análise levar à esboçada „poupança na falência“, ou o governo britânico força o banco central a continuar a imprimir dinheiro fresco através da compra de títulos da dívida britânica, o que transformaria a actual inflação em hiperinflação.

A era neoliberal do capitalismo zombie financiado pela dívida29 está agora a chegar ao fim também no Tamisa. A grande diferença em relação à tragédia no Sul da Europa – que quase foi levada ao colapso social por Berlim durante a crise do euro30 – é que, com a Grã-Bretanha, é um país do centro, um Estado do G7 que enfrenta agora a penetração total da dinâmica da crise. A crise mundial do capital,31 que já devastou grandes partes da periferia do sistema mundial nas últimas décadas,32 parece assim ter finalmente chegado aos centros. E manifestar-se-á em primeiro lugar e sobretudo no „declínio do nível de vida“ dos assalariados mencionado no início deste artigo, contra o qual o actual movimento de greves nas Ilhas Britânicas33 será impotente enquanto não desenvolver uma perspectiva anti-capitalista e transformadora.34

A Grã-Bretanha tornou-se, de facto, num certo sentido, o elo mais fraco dos Estados centrais do sistema capitalista tardio em erosão, como resultado do Brexit. A Itália, geralmente tratada como a grande candidata à crise na Europa, tem uma montanha de dívida de 150 por cento do PIB, maior que a do Reino Unido. Mas Roma pode contar com os recursos do BCE e da Zona Euro nos seus esforços de estabilização, desde que Berlim tenha um interesse fundamental na manutenção da moeda única europeia. A enorme dimensão da zona monetária europeia assegura que esta pode permanecer estável durante um período de tempo mais longo e é mais capaz de absorver choques de crise do que economias isoladas.

Depois do Brexit, Londres terá apenas o Banco de Inglaterra e um PIB não maior que 19 por cento do da UE – e isso não é suficiente para evitar que se transforme a médio prazo numa segunda Turquia, onde a inflação poderá em breve atingir os três dígitos.35 No entanto, é provável que a gabarolice alemã mencionada no início também se desvaneça em breve. A Grã-Bretanha apenas vai à frente, pode ser o primeiro país do centro ocidental a cair, mas é inevitável que a crise venha a manifestar-se plenamente também nos restantes.

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1 https://www.spiegel.de/wirtschaft/soziales/britischer-ex-zentralbanker-ohne-brexit-muessten-wir-keinen-sparhaushalt-diskutieren-a-7794b387-306e-4da9-8fde-96847cc63deb

2 https://www.welt.de/wirtschaft/article242184557/Grossbritannien-Zentralbank-macht-Brexit-fuer-schlechte-Wirtschaftslage-verantwortlich.html

3 https://www.tagesschau.de/wirtschaft/weltwirtschaft/grossbritannien-industrieverband-rezession-101.html

4 https://www.spiegel.de/wirtschaft/sehr-reale-sorge-dass-grossbritannien-von-wettbewerbern-abgehaengt-wird-a-32d38199-a9c0-44db-81e7-cdff11e3d67a

5 https://www.derstandard.de/story/2000141668233/brexit-rezession-streiks-britische-wirtschaft-geraet-ins-abseits

6 https://obr.uk/overview-of-the-november-2022-economic-and-fiscal-outlook/

7 https://www.theguardian.com/business/2022/nov/17/obr-confirms-uk-enters-year-long-recession-with-half-a-million-job-losses-likely

8 https://www.ft.com/content/5f081f77-ed30-4a06-864e-7e4cc3204017

9 https://www.ft.com/content/1fcc250c-c1c5-4820-a5f4-4e48662a73aa

10 https://www.theguardian.com/business/2022/nov/03/bank-of-england-raises-interest-rates-to-3-percent

11 https://www.tagesschau.de/wirtschaft/weltwirtschaft/grossbritannien-rezession-bip-bank-of-england-101.html

12 https://edition.cnn.com/2022/11/11/economy/uk-economy-recession-europe/index.html

13 https://www.ft.com/content/528500c8-7cfa-4aaf-9fca-7692aafeb9ce

14 https://www.konicz.info/2022/12/09/geldpolitik-vor-dem-bankrott/. Em português: https://www.konicz.info/2022/12/16/politica-monetaria-a-beira-da-bancarrota/

15 https://www.theguardian.com/business/2022/nov/03/bank-of-england-raises-interest-rates-to-3-percent

16 https://www.theguardian.com/business/2022/dec/11/bank-of-england-set-to-spoil-the-festive-mood-with-another-interest-rate-rise

17 https://www.faz.net/aktuell/wirtschaft/wie-rishi-sunak-den-britischen-schuldenberg-abbauen-will-18467860.html

18 https://www.ft.com/content/df59e66a-1659-428e-b96a-b0419ed584b1

19 https://www.ft.com/content/5daeca83-dc55-4371-bfe3-b20140cf1fe1

20 https://www.ft.com/content/da60d21b-7fe0-4b1f-85c7-bbf3f4a0b2f6

21 https://www.nytimes.com/2022/09/23/world/europe/uk-tax-cuts-economy.html

22 https://www.ft.com/content/1ace8d42-f3ee-4fdd-a103-5cd4234e8c42

23 https://www.nytimes.com/2022/10/12/business/dealbook/britain-markets-turmoil-gilts-pound-andrew-bailey.html

24 https://www.konicz.info/2022/07/22/schuldenberge-in-bewegung/. Em português: https://www.konicz.info/2022/07/24/montanhas-de-dividas-em-movimento/

25 https://edition.cnn.com/2022/10/08/investing/uk-pension-funds-market-chaos/index.html

26 https://www.cnbc.com/2022/10/17/uks-new-finance-minister-sets-out-.html

27 https://www.ons.gov.uk/economy/governmentpublicsectorandtaxes/publicspending/bulletins/ukgovernmentdebtanddeficitforeurostatmaast/june2022

28 https://www.konicz.info/2022/12/09/geldpolitik-vor-dem-bankrott/. Em português: https://www.konicz.info/2022/12/16/politica-monetaria-a-beira-da-bancarrota/

29 https://www.streifzuege.org/2017/wir-sind-zombie/

30 https://www.konicz.info/2015/07/27/willkommen-in-der-postdemokratie/

31 https://www.konicz.info/2011/11/29/kurze-geschichte-der-weltwirtschaftskrise/

32 https://www.konicz.info/2013/05/27/mad-max-im-zweistromland/

33 https://www.nytimes.com/2022/12/14/world/europe/uk-strikes-winter-discontent.html

34 https://www.konicz.info/2022/10/12/emanzipation-in-der-krise/. Em português: https://www.konicz.info/2022/11/09/emancipacao-na-crise/

35 https://www.statista.com/statistics/895080/turkey-inflation-rate/

Original “Großbritannien: The first to fall?” em konicz.info, 17.12.2022. Tradução de Boaventura Antunes

Großbritannien: The first to fall?
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